O Concelho da Guarda, inscrito bem no coração da região beirã, entre o Planalto Guarda-Sabugal e a Serra da Estrela, detém um património natural e um património cultural, material e imaterial, de um valor extraordinário. Formado lenta e continuamente ao longo dos tempos, este património, na multiplicidade das suas formas e das suas manifestações, tem o maior significado para as gentes da região e ocupa um lugar cimeiro no imaginário e na própria identidade nacional. Com efeito, o Concelho e a cidade da Guarda detêm algumas das mais intensas, das mais impressivas e das mais bem conservadas paisagens históricas portuguesas. O espaço natural, o povoamento milenar e uma rica História multi-secular modelaram os modos de vida, as tradições, os costumes e o carácter forte e viril das gentes das Beiras. Aqui, num contexto geográfico rigoroso, que impôs uma austeridade e até uma certa rudeza de modos, formou-se um ecossistema natural e humano único, de uma riqueza e com uma identidade cultural incomparável, que tem o seu epicentro na paisagem urbana da cidade mais alta de Portugal. Com efeito, temos que reconhecer que o grande monumento do concelho é a própria cidade da Guarda, que detém um dos mais belos, mais ricos e mais bem conservados patrimónios construídos de todo o país.
Monumentos Nacionais
Sé da Guarda
Com a transferência da sede de Bispado de Idanha-a-Velha para a Guarda, em 1203, por influência de D. Sancho I, foi necessário promover a construção de uma Sé Catedral. Nada se sabendo do edifício primitivo, sabe-se, porém, que na segunda metade do século XIV se encarou a construção de uma sé nova fora do perímetro amuralhado. A construção da atual Sé Catedral iniciou-se a partir de 1390 mas, dada a envergadura do projeto, as obras arrastaram-se e o edifício só foi terminado em pleno contexto manuelino.
Castelo da Guarda
No âmbito do avanço da Reconquista Cristã e da criação dos diversos reinos cristãos peninsulares deu-se início a um amplo processo de revivificação de velhas cidades e vilas, que as lutas dos primeiros séculos da Reconquista tinham tornado decadentes, semiabandonadas e arruinadas no centro de territórios “ermados” e, paralelamente, deu-se início a um amplo processo de criação de cidades e vilas e à respetiva fortificação.
Castro do Tintinholho
Localizado no topo de um cabeço isolado do rebordo ocidental do planalto da Guarda, a 920m de altitude, o Castro do Tintinolho é um dos mais emblemáticos sítios históricos do Concelho. Local privilegiado de contemplação, de silêncio e de evocação histórica, onde a natureza exibe o seu esplendor agreste, este sítio proporciona uma das plataformas mais privilegiadas para a observação do Vale do Mondego, desde as serranias que vigiam a aldeia de Vila Soeiro, a montante, até às terras de Celorico da Beira, Trancoso e Pinhel.
Imóveis de Interesse Público
Janela Manuelina do antigo Paço Episcopal
O edifício n.º 41 a 45 localizado no núcleo antigo da cidade, na Rua Francisco de Passos, antiga Rua Direita, é decorado com uma janela inserida no período de transição do estilo manuelino para o renascentista. Esta apresenta um arco trilobado de moldura em meia cana, com diversos motivos, entre os quais se destacam as cabeças de um anjo e de um demónio, jarrões, flor-de-lis e um medalhão com busto, conjunto escultórico encimado pela representação de uma cabeça de anjo.
Chafariz da Dorna
Exemplar de arquitetura de infraestruturas hidráulicas, a sua construção recua a finais do século XVIII ou inícios do século XIX, inserido na corrente histórico-arquitetónica do Eclético. Localizado junto à antiga estrada que se dirigia da Guarda ao Vale do Mondego, nas proximidades do burgo medieval, no arrabalde da Porta d’el Rei, o conjunto – que compreende o Chafariz da Dorna, o pequeno tanque circular fronteiro (bebedouro de animais) e um pequeno lavadouro de roupa – constituía uma “estação de serviço” de apoio aos viajantes.
Prédio Rua D. Sancho 9 / 11 / 13
Localizado no interior do perímetro muralhado, este imóvel é um dos mais antigos do núcleo urbano histórico da cidade, cuja construção nos remete para finais do século XVI ou primeira metade do século XV.
Igreja de S. Vicente
Localizada no interior das muralhas medievais e referida nas fontes escritas desde o século XIII, a Igreja de S. Vicente que hoje podemos admirar é uma reconstrução, inserida no estilo barroco, promovida pelo bispo D. Jerónimo Rogado de Carvalhal e Silva, em pleno século XVIII.
Chafariz de Santo André
Proveniente da aldeia da Vela e construído no século XVIII é um dos chafarizes mais monumentais da cidade. Inserido no estilo barroco, entre os elementos escultóricos salientamos os motivos marinhos, como os golfinhos ou as bicas em forma de monstros.
Antigos Paços do Concelho
As casas da câmara (ou casa ou paço do concelho) portuguesas eram a sede do poder local. Como acontece em muitas vilas e cidades portuguesas, peninsulares e europeias, a antiga casa da câmara da Guarda está localizada na principal praça da cidade (a atual Praça Luís de Camões), face à Sé, no centro do espaço amuralhado.
Igreja e Edifício da Misericórdia
Localizada no arrabalde face à Porta dos Ferreiros, a Igreja da Misericórdia é um dos edifícios dos fins da Época Barroca mais imponentes da Guarda. Apesar de documentada nas fontes escritas uma igreja anterior, o edifício que atualmente podemos admirar é uma construção do século XVIII.
Antigo Paço Episcopal e Seminário
O conjunto arquitetónico formado pelo antigo Paço Episcopal, Seminário e Capela começou a ser construído em inícios do século XVII, sob a égide do Bispo da Guarda D. Nuno de Noronha. Inserido no denominado estilo filipino, ou melhor, no chamado “Estilo Chão”, exibe fachadas de grande austeridade, despojadas de quaisquer elementos decorativos, à exceção da cornija, onde se inserem típicas gárgulas de canhão.
Igreja Matriz de Aldeia Viçosa
A Igreja Matriz de Aldeia Viçosa, cujo orago é Nª Sr.ª da Conceição, é – pelo conjunto do edifício e das peças de arte sacra que abriga – uma das mais ricas igrejas do concelho da Guarda. Com efeito, esta igreja detém um notável repositório das artes decorativas dos séculos XVI, XVII e XVIII, destacando-se o trabalho de talha, a pintura e a estatuária.
Ponte antiga de Valhelhas
Imponente ponte sobre o rio Zêzere, com quatro arcos de volta perfeita, construída em 1631.
Anta de Pera do Moço
Constituindo o monumento principal e mais visível pré-histórico do concelho, a anta de Pera do Moço remonta ao período de transição do IV para o III milénio a.C., época em que se construíam grandes monumentos funerários individuais. Consta de uma câmara definida por cinco esteios verticais que suportam uma laje de cobertura, sendo originalmente todo o conjunto ocultado por terras e pedras, formando uma espécie de colina simbólica ou votiva.
Capela Nossa Senhora do Mileu
A construção da Capela de Nossa Senhora do Mileu data da Idade Média e o edifício insere-se numa derivação provincial do Estilo Românico. De dimensões modestas, apresenta uma estrutura arquitetónica muito simples, sendo constituída por dois corpos contíguos um ao outro: uma capela-mor e uma nave única, ambas de planta retangular, unidas por um arco triunfal de perfil já ogival.
Estação arqueológica da Póvoa do Mileu
O sítio romano – de que não havia a mais pequena notícia – foi descoberto acidentalmente em 1951, durante as obras de construção da Estrada Nacional que liga a cidade à Guarda-Gare. Nessa altura foram postos a descoberto diversos achados e compartimentos identificados como sendo as componentes centrais do edifício termal do século I d.C.
Castro do Jarmelo
Implantado no topo do Cerro do Jarmelo, que se destaca e se eleva sobre a relativa planura das terras envolventes, do Castro do Jarmelo avista-se um vasto território que vai desde a Serra da Marofa ao Cabeço das Fráguas, e desde as vertentes orientais da Serra da Estrela até aos territórios fronteiriços espanhóis.
Cruzeiro
O atual pelourinho é uma construção de meados de Quinhentos. Levanta-se no largo principal de Valhelhas, diante dos antigos Paços do Concelho e cadeia comarcã.
Pelourinho da Guarda
Embora as fontes escritas atestem a presença do pelourinho da Guarda junto à casa da câmara medieval, de há muito se perdeu o seu rasto, bem como do primeiro edifício que abrigou a câmara da cidade.
Capela de S. Pedro de Verona (Vila Soeiro)
Implantada em pequeno promontório sobre o vale do rio Mondego, a construção desta capela remonta ao século XVI. O seu portal, em abóbada de berço, é o elemento arquitetónico mais destacado.
Conjunto de Interesse Público
Antigo Sanatório Sousa Martins
A privilegiada localização da Guarda conferiu-lhe uma superioridade climática que continua a ser reconhecida ainda hoje. As origens do Sanatório Sousa Martins remontam aos finais do século XIX, período da História em que Portugal começou uma luta estruturada contra a tuberculose. A 18 de maio de 1907, a Rainha D. Amélia e o Rei D. Carlos I inauguraram os Pavilhões do Sanatório.
Imóveis de Interesse Municipal
Prédio na Rua Francisco de Passos
Com uma construção que recua ao século XVII, localizado na principal artéria da cidade, a antiga Rua Direita, o edifício insere-se no conjunto de edifícios que marca a afirmação do Renascimento na cidade.
Edifício na Rua de D. Sancho I e Largo do Passo do Biu
Edifício localizado num pitoresco e histórico conjunto urbano, nas proximidades da Porta da Erva, no interior do perímetro muralhado, a sua construção – que recua ao século XVII – insere-se no amplo conjunto de imóveis integrados no denominado estilo filipino, com cornija saliente em cantaria, janela de ângulo e janelas de sacada.
Prédio urbano na Rua Francisco de Passos
Localizado na principal artéria do núcleo histórico intra-muralhas, a antiga Rua Direita, neste imóvel – cuja construção recua ao século XVI – será de destacar a janela de sacada ao nível do terceiro registo, com varanda assente sobre duas mísulas em meia-cana.
Prédio urbano no Largo da Igreja S. Vicente
Este imponente edifício, localizado no Largo de S. Vicente, cuja construção remonta ao período de transição do século XVI para o XVII, marca a afirmação plena da linguagem arquitetónica do Renascimento na cidade.
Casa na Rua dos Clérigos
Referenciado como um dos imóveis de cronologia mais antiga do núcleo histórico da cidade, pois a sua construção recua ao século XV, este imóvel localiza-se nas proximidades da Sé Catedral e da Porta dos Ferreiros, rasgada no pano de muralha da Guarda.
Casa do Alpendre
Construída no exterior da Porta d’el Rei da cerca medieval, a construção deste edifício remonta ao fim da Idade Média, embora tenha sofrido uma ampla remodelação em inícios do século XVII, atestada na construção do característico balcão alpendrado com uma bela e rara escadaria de dois lances simétricos de serventia à entrada da casa.
Antigas casas dos Magistrados
Conjunto de três edifícios residenciais localizados no Bairro do Bonfim.